quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Invento, arranjo ou compro (...)


Eu estava ali, sentada no chão do quarto com o ar do tipo como se estivesse fazendo companhia para mim mesma e na verdade eu estava mesmo, mas naquela manhã de segunda-feira, de um calor incompreensível, o sol quente e agressivo colado na minha janela eu me sentia bem, talvez por saber que eu estava viva, com saúde, em saber que eu ainda era jovem, que agora eu tinha amigos, lembrando de mim vezemquando, duas, uma vez na semana, que tinham boas recordações guardadas na memória sobre a minha pessoa e eu sorri.
Ao meu lado tinha uma caixa de fósforo e um incenso, não sei porque na realidade eu acordei com uma vontade de acender um incenso...De todas as formas eu queria atrair, chamar energias, boas, alegres e intensas.
- Ô Daniel a quanto tempo eu não vejo meu coração, assim, feliz, sem ser por presenciar uma chuva depois de dias calorosos, sem ser por ganhar qualquer reconhecimento, pois a quanto tempo eu não deparo com esta moça molecada assim otimista, eu mesma.
Eu dialogava assim com Daniel, meu amigo de infância, era tão bom nosso papo como sempre foi durantes estes 17 anos... Quando dei por mim eu estava era falando só, Daniel, não estava ali, estava presente apenas nos meus pensamentos, fazia tanto tempo que eu não o via que não o abraçava, mas amizade é isso, mesmo longe, quando a pessoa é especial para nós, lembramos dela todos os dias, isso faz com que ela esteja mais próxima, conseguimos até sentir o calor da sua presença, os sorrisos, o aconchego, aquele sabor que só uma amizade tem, um cuidado que dispensa descrições e clichês.
Eu tinha que ligar para Daniel e continuei por dias com estas energias, mas vou dar uma pausa e te interrogar caro leitor, eu vos pergunto:

- Num é sempre bom continuar?

Não precisa responder, eu já sei a resposta....È obrigatório continuar, se tem uma coisa que aprende nesses curtos e intensos anos de vida é que para se viver, tem que lavar o rosto com otimismo, vestir a roupa da determinação e pegar o trem da vitória.Me diga, do que adianta viver enfurnado num quarto lamentando perdas, amores inacabados e decepções constantes...Não resolve nada e encarar, se mecher, pintar, bordar, vale muito mais a pena, concluo.
Ai você deve pensar: - Ahh esta autora fala em otimismo de um jeito que parece até que nunca chora ou se sente fraca.
Eu vos digo que nem tudo é só rosas vermelhas, lindas, emocionantes... Eu já cai, levantei, cai de novo e já tive momentos que cirandas de emoções apresentaram suas coreografias exuberantes no salão do meu ser.
Apartir do momento que eu caio eu sempre invento, arranjo, compro ou até tomo emprestado formas de continuar a dirigir o carro alegórico entusiasmado, como em dias de pleno carnaval onde ele passa pelas ruas escuras e misteriosas da vida, é, vamos, deixara irreverência da continuidade nos invadirmos, todos os dias.


Texto escrito por : Lizandra Martins
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Fotografia de : Lizandra Martins

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